ABRUPTO

4.6.05


OS LIVROS DA SÁBADO

OS POEMAS DA MINHA VIDA


Vale a pena falar de livros no meio desta barbárie futebolística, destas horas e horas monocórdicas de ruído televisivo, sinal da nossa miséria e pobreza de espírito? Vale, no sentido do poema de O’Neill que Mário Soares escolheu para ler na publicidade televisiva à colecção “Os Poemas da Minha Vida”, distribuídos com o Público:

História da Moral

Você tem-me cavalgado,
Seu safado!
Você tem-me cavalgado,
Mas nem por isso me pôs
A pensar como você.

Que uma coisa pensa o cavalo;
outra quem está a montá-lo.


O mérito desta colecção (em que, declaro já o meu conflito de interesses, também irei colaborar) é o de através dos poemas da “vida” de cada um, nós os lermos, aos poemas, e à “vida” de quem os escolheu. Vale mesmo a pena, porque pouca coisa reflecte mais a percepção que cada um tem de si próprio, ou o retrato público que desenha de si mesmo, do que os poemas que escolhe para serem da “sua vida”, mesmo quando não o foram. Principalmente quando não o foram.

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© José Pacheco Pereira
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