ABRUPTO

17.6.05


O SÍTIO DO NÃO SUSPENSO

Seria certamente mais fácil encontrar vontade política para uma negociação minimalista de um novo tratado do que ultrapassar as consequências políticas dos “nãos” já dados e as hipóteses muito prováveis dos outros “nãos” que não chegaram a ser dados. O adiamento não é sensato, nem eficaz. É uma medida típica do modo como a União está hoje. Adia-se tudo. É uma medida que prolonga o défice democrático actual. Com medo do “não”, foge-se do voto. A insistência num documento morto, e morto pelo voto, é irrealista e denota muita arrogância. É uma medida de cegueira, que hipoteca o realismo dos pequenos passos à sobrevivência da carreira política dos responsáveis por um “grande passo” para o abismo e que não querem admitir que erraram. Todas as ambiguidades de antes, continuam.

Adiado o referendo, cujo objecto deixou de se saber qual é, o SÍTIO DO NÃO é suspenso até que de novo a questão se coloque. Permanecerá em linha, aberto o seu sistema de comentários e eventualmente, sempre que se justifique comentar qualquer facto ou decisão que condicione o referendo português, voltará à vida.

Se a União tivesse bom senso, prudência e resolvesse sair do caminho utópico, arrogante, desigual e não democrático onde se meteu e de onde parece não saber sair, podia até ser que renascesse como SÍTIO DO SIM. Provavelmente terá que continuar como está, o lugar do “não”, e voltar de novo ao trabalho na altura própria.

Mas renascerá em melhores condições. Com a equipa dos voluntários que se ofereceram. Com o sucesso dos seus mil comentários, em tão pouco espaço de tempo. Com a força de ter contribuído para um debate que muitos não quiseram travar, e que só o “não” obrigou e conseguiu. Cumpriu a sua missão. Para já.

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© José Pacheco Pereira
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