ABRUPTO

17.6.05


A LER

o Bombyx Mori, o bicho da seda, onde se encontra boa seda como esta:

"Momento neon-realista

Um jornalista da TVI, no meio da multidão, entrevista um popular (de uma certa idade) no funeral de Álvaro Cunhal:

Então o senhor o que veio cá fazer?
Eu sou um dos esteiros, um dos filhos dos homens que nunca foram meninos…
[bruscamente] O senhor é de Lisboa?
Não, sou de Alhandra.
Onde é que isso fica? [não perguntou, mas pela cara não faltou muito]"


e a excelente série Frases que impõem respeito e muito mais.

*
Sou eu o jornalista da TVI, é verdade que estava "no meio da multidão", entrevistei "um popular" ( a expressão é sua, foi certamente contagiado por outros jornalistas, eu não a uso), estava no velório e não no funeral de Álvaro Cunhal.

Até aqui, menos mal. Agora o resto...

Bruscamente??

- "O popular" contou, emocionado, que era um dos "homens que nunca foram meninos" para quem Soeiro Pereira Gomes escreveu "Esteiros" ( e continuou contando, sem reticências e interrupções; não digo mais, se viu)

- A seguir fiz-lhe outra pergunta ( longa, não lhe digo qual, se viu)

- Só então perguntei-lhe de onde era ( isso viu, como terá visto os autocarros que chegaram a Lisboa para o velório e funeral de Álvaro Cunhal)


Onde é que isso fica? [não perguntou, mas pela cara não faltou muito]"

- Não perguntei (isso sabe)

- Pela cara não faltou muito?Pela cara? Pela cara?


Bom, eu pela sua cara ( de uma certa idade mas que aparece muito mais no neón da televisão do que a minha) nunca diria que o senhor é desonesto e escreve, no Abrupto, usando das técnicas de um jornalista de tablóide. Como não faço generalizações, digo apenas que, desta vez, sim.

(Pedro Moreira)

NOTA: Pedro Moreira devia ler com mais atenção e reparar que o texto não é de minha autoria, mas citado. Não tem importância. Retrata um estilo.

(url)

© José Pacheco Pereira
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