ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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28.6.05
ERROS, PERIPÉCIAS, ASNEIRAS, DISTRACÇÕES Alguns apoiantes ferrenhos do governo extinto dos doutores Lopes e Portas desenvolvem uma intensa indústria de caça às trapalhadas do governo actual, para mostrarem não só que há duplicidade nos media – evidência das evidências – mas também similitudes na governação de baixa qualidade. Terminam sempre com ar vingativo: e então o sr. Presidente a estes não dissolve? Para além do masoquismo inerente ao exercício, mostra uma forma muito particular de ressentimento. Esta enumeração das trapalhadas é uma pura distracção que nunca levará o governo Sócrates a conhecer o mesmo destino do de Santana Lopes, pela simples razão que há uma diferença abissal que separa os dois. O de Sócrates tem uma forte legitimidade eleitoral, formal e real, e não a perdeu, pelo contrário a reforçou, com as medidas de política que tomou. E, por muitas voltas que se dê, erros, peripécias, asneiras, distracções, mesmo quando semelhantes, não vão dar ao mesmo resultado porque não têm a mesma dimensão nem são vistas pelas pessoas isentas como sendo da mesma natureza. Os erros, peripécias, asneiras, distracções, do governo anterior iam ao coração do poder, directamente aos lugares cimeiros da governação e eram vistos como extensões da identidade e do estilo dos governantes. Mais: eram potenciados na primeira pessoa, por ditos e eventos, que punham em causa a competência do governo na sua condução central, e encontravam todos os dias novas justificações para que a suspeita de incompetência fosse mais do que isso, mas sim uma realidade. Culminaram na campanha eleitoral negativa, cujos contornos ainda não se conhecem completamente, no culto de personalidade absurdo do “menino guerreiro”, e foram consolidados depois pelo modo como se soube ter sido tratada a questão dos “sobreiros” (refiro-me ao plano político) e matérias como o orçamento de estado. Tudo isto deixou os respectivos partidos mergulhados numa crise de credibilidade, de que só sairão com muita dificuldade, e para a qual a caça às trapalhadas simétricas não traz nenhuma contribuição. Esta atitude aponta mais para a continuidade das trapalhadas originais e mostra um entendimento da política como um jogo de pingue-pongue, infelizmente muito comum no Parlamento. A crítica a este governo tem muito por onde se fazer, mas tem uma condição sine qua non para ser eficaz e merecer ser ouvida: a de se demarcar das trapalhadas do governo anterior sem ambiguidades, nem desculpas, nem simetrias. (url)
© José Pacheco Pereira
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