ABRUPTO

30.6.05


EARLY MORNING BLOGS 530

Sing Me a Song with Social Significance

I'm tired of moon gons, of star and of June songs,
They simply make me nap.
And ditties romantic drive me nearly frantic,
I think they're all full of pap.
History's making, nations are quaking,
Why sing of stars above?
For while we are waiting, father time's creating
New things to be singing of...

Sing me a song with social significance,
All other tunes are taboo.
I want a ditty with heat in it,
Appealing with feeling and meat in it.
Sing me a song with social significance,
Or you can sing till you're blue,
Let meaning shine from every line
Or I won't love you.

Sing me of wars, sing me of breadlines,
Tell me of front page news,
Sing me of strikes and last minute headlines,
Dress your observations in syncopation.

Sing me a song with social significance,
There's nothing else that will do.
It must get hot with what is what
Or I won't love you.

Sing me a song with social significance,
All other tunes are taboo,
I want a song that's satirical,
And putting the mere into miracle.
Sing me a song with social significance,
Or you can sing till you're blue,
It must be packed with social fact
Or I won't love you.

Sing me of crime and conferences martial,
Tell me of mills and of mines,
Sing me of courts that aren't impartial,
What's to be done with 'em? Tell me in rhythm.

Sing me a song with social significance,
There's nothing else that will do.
It must be dense with common sense
Or I won't love you.


(Harold Rome)

*

Em 1937, Rome escreveu esta canção para um espectáculo musical na Broadway chamado Pins and Needles, representado por filiados no sindicato ILGWU (International Ladies Garment Workers Union). Foi um dos maiores sucessos da Broadway antes da guerra.

Bom dia, nestes tempos de "social significance" sem canções "with social significance"!

*
Nem de propósito, este poema quando pensava exactamente que um dos grandes problemas do nosso tempo é uma enorme ausência de outras metas, outros valores, outros objectivos, que não a satisfação do ego.

Fenómeno aliás bem visível na muito activa blogosfera, espelho do mundo, reflectindo-o em directo e a cores (muitas vezes apenas em diversos tons de cinzento), com implosões, irritações, trocas de insultos ou de apaixonados elogios e até lutas aparentemente fratricidas, evidentes sintomas da falta de outro valor que não o “eu”. Fazem-se grandes discursos, (vazios, se perdermos tempo a lê-los bem) onde começam por erguer um cartaz que diz: Eu sou … de direita, de esquerda, liberal … enfim, um qualquer estandarte. E, vai daí, toca a debitar citações de autores que não leram, ou se leram não perceberam, exibindo erudição e grandiloquência numa tentativa de esmagar o interlocutor e de levar mais um escalpe para a galeria de troféus.

Uns, sentam-se de cartola e charuto. Outros, de manga arregaçada e punho em riste. Envergam identidades alheias e reeditam lutas, batalhas e discussões que já se tiveram, já se perderam e já se ganharam. Já foram. O que não se vê é uma ideia própria, uma análise elaborada e sustentada, uma novidade, um contributo, uma mais valia.

Mas onde realmente se excitam muito (embora também ai inovem pouco) é no ataquezinho pessoal, nas minudências, no insulto fácil e histriónico que nada tem a ver com ideias ou projectos. Porque em tudo se vê um ataque pessoal, um interesse, uma vaidade. Estamos todos mortos por identificar intenções pessoais, pequeninas, direccionadas: ai que isto é para mim! Espera ai que já te digo!

Enfim, um mundo, cuja dimensão não ultrapassa a do nosso próprio ego.

(RM)

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© José Pacheco Pereira
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