ABRUPTO |
![]() semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
|
20.5.05
![]()
17:10
(JPP)
OS LIVROS DA SÁBADO GOSTAR DE PORTUGAL ![]() Galhano fazia parte de um pequeno grupo de portugueses que transformaram esse gosto em estudo, em literatura e arte, e que sem eles, não existiria para nós. O salazarismo pretendeu apropriar-se desta movimento de recolha das coisas pátrias para o elevar a uma apologia do mundo rural e marítimo, que pouco mais era do que uma apologia da pobreza. Mas esta geração de homens – Ernesto Veiga de Oliveira, Benjamim Pereira, Jorge Dias, Orlando Ribeiro, a equipa de Keil do Amaral coligiu a Arquitectura Popular Portuguesa, Lopes Graça e Giacometti, e alguns outros - sobreviveu a essa apropriação ideológica do seu trabalho. Politicamente eram muito diferentes, havia comunistas e gente próxima do regime salazarista, mas olhavam para Portugal de uma forma que podemos reconhecer não só como nossa, mas também como nos fazendo falta hoje, quando a destruição acelerada da paisagem e do habitat já está em grande parte consumada. Um Portugal que já estava a acabar no seu tempo foi assim salvo in extremis para a nossa memória. Eles ouviram por nós os últimos velhos que ainda cantavam uma última canção tradicional antes da rádio e televisão impregnarem os ouvidos, fotografaram as velhas casas, palheiros e espigueiros, os utensílios de trabalho, recolheram as lendas, os provérbios, as práticas culturais e de trabalho de lavradores, pastores e pescadores, caminharam por caminhos que nós, criminosamente, estamos a fazer com que vão dar a parte nenhuma. * Escrevo-lhe para retificar um nome saído neste seu post, a saber, Benjamim Pereira era e é, por que está vivo e de boa saúde, um etnógrafo do famigerado e brilhante grupo de Jorge Dias, e não Benjamim Ribeiro, como consta.[corrigido] Recomendo o livro Etnografias Portuguesas (1870-1970). Cultura Popular e Identidade Nacional de João Leal publicado na colecção da Dom Quixote, Portugal de Perto, que aborda o trabalho deste grupo de etnógrafos bem como o tema da arquitectura desde Raul Lino ao trabalho de Keil do Amaral, entre outros assuntos. (Sérgio Alves) (url)
© José Pacheco Pereira
|