ABRUPTO

11.2.05


SE O RIDÍCULO MATASSE

cairiam meia dúzia de raios certeiros nas instituições europeias. Então não é que se lembraram de mandar para o espaço, no bolso dos astronautas europeus que vão à boleia de um foguetão russo no próximo Abril, um exemplar da Constituição europeia… Esqueceram-se foi de uma regra fundamental: tudo o que sobe torna a cair.

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De facto, astronautas com a Constituição Europeia no bolso tem o seu quê de ridículo. Mas permita-me um reparo : não é sempre verdade que "tudo o que sobe torna a cair".

Se um objecto voador for lançado para "cima" (esta noção é relativa, como se sabe) com uma velocidade superior à chamada velocidade de escape já não torna a cair. Afasta-se indefinidamente.

Estamos a falar, naturalmente, de um objecto voador que se afasta da superfície de um corpo celeste, no caso presente da superfície do nosso planeta. Como a força de atracção gravitacional diminui com a distância, é aceitável supor que para uma velocidade de "subida" suficientemente elevada, o objecto voador consiga passar o ponto em que a força de atracção que tende a trazê-lo de volta já não seja suficiente para o fazer "cair". E assim acontece, de facto.

A velocidade de escape varia com a massa do planeta. Quanto maior a massa do planeta, maior será a respectiva velocidade de escape. No caso da Terra, "bastam" cerca de 11 quilómetros por segundo nos momentos iniciais da partida para que o objecto já não regresse. Ou seja, se queremos que a Constituição Europeia não nos incomode mais, basta lançá-la para o espaço com uma velocidade superior a 11 km/s. Mas sem astronautas a bordo ....
(Jorge Oliveira)

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© José Pacheco Pereira
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