ABRUPTO

20.2.05


NATUREZA MORTA DE FIM DE MANHÃ

Da esquerda para a direita. Uma pequena pilha de revistas e jornais para fazer uma bibliografia, um catálogo de uma exposição de 2003 de quadros de Avelino Cunhal, um disco com os quartetos para flauta de Mozart, uma mão, um cartão de eleitor, uma lupa, um molho de chaves, uma lâmpada de 60 w, um livro de Adorno com ensaios sobre música, a biografia de Graham Greene, volumes II e III, o II paperback, o III hardback, uma tesoura, um bloco do Porto Palácio Hotel, um postal de Anders Zorn, uma pilha de zips, uma caneta, um lápis do Sofitel, um telemóvel ligado, uma estação meteorológica – dezassete graus aqui, um pouco frio, dezasseis lá trás, nove lá fora, - um papel do Clube do Mato, uma jarra com água, dois olhos, um ecrã, Der erste Blick aus dem Fenster am Morgen, um pedaço de lava recente, um radiómetro andando muito devagar, uma maçã, um papel com anotações de sondagens, um agrafador, um telefone desligado, um esquecimento, um azulejo da Paula Rego, uma mão, um rato, meia dúzia de palavras, ar, uma sombra vaga, mais nada.

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© José Pacheco Pereira
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