ABRUPTO

12.2.05


ISTO NÃO É JORNALISMO SÉRIO (2)

As "notícias" da capa do Expresso são outro exemplo do péssimo jornalismo político que se faz em Portugal, já descontando o serviço que esta desinformação presta a uns e prejudica a outros. Ou seja, o Expresso está em campanha, na campanha, mentindo como os jornalistas acusam os políticos de fazer.

Título: Armadilha a Cavaco, ou seja, uma realidade factual pressuposta, um acontecimento. Na "notícia" apenas isto: "A NOTÍCIA do «Público» segundo a qual Cavaco Silva apostava na vitória do PS com maioria absoluta como rampa de lançamento de uma candidatura a Belém terá tido origem na «entourage» de Santana Lopes. É esta a convicção de várias pessoas próximas de Cavaco, como o EXPRESSO apurou." Uma "convicção de várias pessoas próximos de Cavaco", é isto que justifica uma "notícia" destas. Adivinhação pura porque "convicções" não são factos.

Título: Cadilhe desmente Santana. A fonte é José Lello que nega na própria "notícia" ser a fonte. Ou isto é um jogo de espelhos mútuo e negociado e nesse caso seria para desconfiar dado que existe uma parte interessada, ou é mentira pura: "Amigo de longa data de Miguel Cadilhe, o socialista José Lello foi incumbido pelo PS de avaliar o seu sentimento acerca das declarações públicas de Santana. Na informação que transmitiu ao PS, Lello deu conta de que o ex-ministro de Cavaco Silva se mantinha alheado da campanha, estranhara a anúncio do seu nome e que não estava disponível para integrar um eventual Governo liderado por Santana Lopes. Contactado pelo EXPRESSO, Lello respondeu nunca «abordar em público conversas de âmbito privado». Reconhecendo que troca impressões, com alguma frequência, com Cadilhe, Lello disse ser incapaz de «meter o ruído de fundo da política na conversa com um amigo pessoal».

*

Em 1973,frequentava eu o curso de Administração e Gestão de Empresas em Lisboa,e nessa altura quotizava-me com outros colegas para comprarmos diariamente dois jornais:"A República" e o "Diário de Lisboa".Eram os únicos,no tempo da ditadura,que mantinham uma informação digna e independente.Pouco tempo depois sai o "Expresso",e lá tivémos que fazer mais um esforço semanal.Infelizmente "A República" acabou por ser devorada nos excessos da revolução,e o "Diário de Lisboa" acabou por falir por motivos ainda hoje pouco claros.Assistimos hoje, mais de três décadas após o 25 de Abril, à maior campanha de intoxicação a favor de um partido,de que há memória.E quem aparece como o campeão da mentira e da falta de ética?Precisamente o semanário"Expresso".

(Henrique Cabral Garcia)

(url)

© José Pacheco Pereira
Site Meter [Powered by Blogger]