ABRUPTO

8.2.05


BIBLIOFILIA: HOMEM DE UMA SÓ ÁRVORE


Uns amigos do Abrupto ofereceram-lhe livros, o Presente de Ouro. Um, familiar do Gen. João de Almeida, militar colonial, governador do Sul da Angola, aí activo nas campanhas de "pacificação" e definição da fronteira, autor de alguma da melhor bibliografia sobre Angola, o "império" e sobre a história das edificações militares portuguesas, ofereceu-me dezenas de obras do general, algumas verdadeiras preciosidades. Um aspecto interessante é a marca pessoal, espécie de ex-libris, com que o general marcava as suas obras na frente e verso: uma árvore solitária junto de um rio. Era o que ele nos queria dizer sobre ele e a sua atribulada vida. Era um homem de uma só árvore, o rio é que mudava.

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(...)bibliofilia sobre os livros do meu avô.
Na altura não se prorporcionou,mas à laia de esclarecimento,esta marca funcionava mesmo como ex-libris,associado à frase "Ao serviço do Império".Para ele o seu ex-libris,representava através da arvore,um carvalho lusitano,a pátria,Portugal,solidamente enraizada;através da água,assim como o rio que corre para o mar,tambèm a nossa expansão ultramarina que correria para todo o mundo,num sentido universalista;a águia,teria um outro significado,que eu já não sei qual seria.
Assim a sua interpretação do ex-libris não será a da intenção original do autor,mas aos nossos olhos de hoje,acho que a sua leitura ,mesmo sendo um pouco "romântica",também é possível,situando-nos na época e na ideologia do autor,que para alèm de militar e colonialista foi um monárquico convicto ao longo de toda a sua vida,vindo mesmo a sofrer directa,pessoal e familiarmente,por tal,sublinhando aquilo que menciona "a sua atribulada vida",(por duas vezes exilado,demitido por julgamento militar do Exército,com o que isso significou de perda de rendimentos,que o levou para fazer pela vida a andar por Marrocos,Brasil,Inglaterra e França),sendo assim um homen de uma só árvore,uma só convicção...por muito reácionária que tenha sido,e que tenha sido no sentido contrário da evolução do seu/nosso tempo.
(Alexandre Almeida)

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© José Pacheco Pereira
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