ABRUPTO

8.1.05


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: TSUNAMISMO, PARTE 2

"Só agora tive oportunidade de ler os textos de diversos autores que, sobre a utilização dos termos "maremoto" e "tsunami", JPP incluiu no seu blogue do passado dia 2 do corrente.Ora, sem querer alimentar a controvérsia, acho, mesmo assim, interessante tecer alguns comentários ao texto assinado por Luís Macedo, até pela contundência com que "enfatiza" a questão.

É possível que a sua (dele) idade cronológica apenas lhe permita recuar até à longínqua era em que as escolas deixaram de ter nomes e passaram a definir-se por fórmulas matemáticas do tipo "EB 2 +3+S". No entanto, em períodos anteriores, quando os alunos, depois de saírem da escola primária, ingressavam no primeiro ano do ensino liceal, já estudavam estas questões. Imagine-se o despautério.
Aliás, nesse tempo, os alunos também sabiam que "a onda que se gera como resultado de deslocamentos do fundo oceânico em resposta a rupturas associadas a fenómenos de deslocamento das placas litosférias" já, por diversas vezes, tinha assolado a costa portuguesa e, de forma bem dramática, se recordarmos o sucedido em 1755. Como sabiam, também, que não há sismos "com epicentro no mar". É que o mar não tem sismos. Estes ocorrem sempre em terra, quer ela seja coberta de água ou de ar. Ora, se os portugueses de 1755 não precisaram de importar um estrangeirismo para baptizar o fenómeno que abalou a Europa de então, talvez fosse conveniente consultarmos, agora, um simples dicionário. Como exemplo, sugiro o "grande Dicionário da língua Portuguesa", coordenado por José Pedro Machado, no qual "maremoto" vem definido como "grande agitação do mar devido a oscilações sísmicas." (Cf. terramoto). Para que a erudição sobre a floresta não nos impeça a beleza da perspectiva da árvore."

(António Vicente)
*

"Quanto ao maremoto , lembro-me de ter aprendido a diferença (já explicada pelos seus leitores) no 7o ano. Mas gostaria de acrescentar algo. Não penso que seja uma palavra de tao fácil dicção, senão não teria ouvido dizer no outro dia em vez de maremoto, maremorto. Penso que isto deve ter acontecido devido à tamanha mortandade que provocou e também porque existe o mar morto o qual muita gente já deve ter ouvido falar. Ou talvez não. Ainda assim, o uso da palavra não tem regra nos telejornais em Espanha. Não justifica, mas amortiza. É mau(péssimo) mas é verdade."

(Filipe Figueiredo)

*

" O que diz o DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA CONTEMPORÂNEA , da Academia de Ciências de Lisboa sobre o termo
Maremoto (Do lat. mare, -is 'mar' + motus 'movimento'). Alteração violenta das águas do mar causada por oscilações sísmicas do solo submarino; tremor do mar. (..)

O que diz a WIKIPEDIA sobre o termo 'tsunami'
(...) a natural phenomenon consisting of a series of waves generated when an abrupt or pulsating vertical displacement occurs in a large body of water such as a lake, the sea or a coastal inlet. Earthquakes, landslides, volcanic eruptions, explosions, and the impact of extraterrestrial bodies such as meteorites, can generate tsunamis which can rapidly and violently inundate coastlines, causing devastating property damage, injuries, and loss of life due to injuries or drowning.

The term "tsunami" comes from the Japanese language ?? meaning harbor ("tsu") and wave ("nami"). The term was created by fishermen who returned to port to find the area surrounding the harbour devastated, although they hadn't been aware of any wave in the open water. A tsunami is not a sub-surface event in the deep ocean; it simply has much smaller amplitudes (wave heights) offshore, and very long wave lengths (sometimes over 100 kilometers long), which is why they generally pass unnoticed at sea, forming only a passing "hump" in the ocean.

Tsunamis were historically referred to as tidal waves because as they approach land they take on the characteristics of a violent onrushing tide, rather than the sort of cresting waves that are formed by wind action upon the ocean (with which people are more familiar). However, as they are not actually related to tides, the term is considered misleading, and its use is discouraged by oceanographers.

e a BRITANNICA
(...) Catastrophic ocean wave, usually caused by a submarine earthquake with a magnitude greater than 6.5 on the Richter scale.

Parece-me que podemos concluir que ambos os termos designam o mesmo fenómeno, ou não?"

(Paula B.)

*

"Contrariamente ao que escreve o leitor Luis Macedo um Maremoto não é um sismo com epicentro no mar. Segundo o dicionário da Porto Editora e passo a citar "O maremoto corresponde a uma sucessão de ondas, causada pela deslocação brusca de uma grande quantidade de água do mar, cuja origem pode estar relacionada com actividade sísmica ou vulcânica (ocorrida no mar), deslizamento de solos marinhos, movimentos e correntes oceânicas, ventos ou fortes tempestades..."

É curioso ainda que na entrada Maremoto aparece tambem Tsunami o que leva a pensar que a palavra já está "incorporada"...

maremoto
substantivo masculino
GEOGRAFIA
1 - grande agitação das águas marítimas por vibrações sísmicas, erupções vulcânicas submarinas ou fenómenos de abatimento do fundo, que originam ondas solitárias;

2 - invasão da costa e do litoral pela onda solitária devastadora;

(Do lat. mare-, «mar» +motu-, «movimento»)

tsunami
substantivo masculino
GEOGRAFIA
vaga oceânica provocada por um tremor de terra submarino, por uma erupção vulcânica ou por um tufão;
maremoto;
(Do jap. tsunami, «id.»)

De atentar no seguinte texto associado sobre o terramoto de 1755 em que as palavras terramoto e maremoto são usadas com significado diferente...

Na manhã de 1 de Novembro, dia de Todos os Santos, um violento terramoto fez-se sentir em Lisboa, Setúbal e no Algarve. Na capital, local onde atingiu maior intensidade, foi acompanhado por um maremoto que varreu o Terreiro do Paço e por um gigantesco incêndio que, durante 6 dias, completou o cenário de destruição de toda a Baixa de Lisboa.
Este trágico acontecimento foi tema de uma vasta literatura, que se desenvolveu um pouco por toda a Europa e de que é exemplo o poema de Voltaire Le Désastre de Lisbonne (1756)...

Como referenciar este artigo: Terramoto de 1755 e Reconstrução Pombalina. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2005. [Consult. 2005-01-03].

(Fernando Manuel Soares Frazão)


(url)

© José Pacheco Pereira
Site Meter [Powered by Blogger]