ABRUPTO

4.1.05


GRANDES NOMES: MANI DI FATA


A revista agora é anódina e provavelmente igual a muitas outras (não sou especialista). Mas lembro-me bem da velha Mani di Fata, com os suplementos dos bordados que a minha mãe fazia, em renda branco-prata sobre azul escuro, um azul parecido com as cópias a químico. Outro mundo, o das mãos de fada.

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(...) ao ler o “post” Mani di Fata fui repentinamente assaltado por gratas recordações de saudosos tempos de infância, e senti uma grande vontade de as exteriorizar.

Apesar de ser ligeiramente mais novo, também eu me lembro bem da revista Mani di Fata. O nome era pronunciado de tal modo, pela minha mãe e amigas, que sempre me pareceu ser constituído apenas por uma única palavra - Manidifata – assim mesmo, de uma assentada só.

Lembro-me da minha avó, da irmã dela, da prima, todas na sala de costura (sim, naquele tempo havia casas com sala de costura) sentadas entre almofadas, pedaços de pano e de linhas dispersas pelo chão. E eu, descalço, sempre temerário às agulhas, por ali andava a imaginar pequenos mundos, evitando pisar território desconhecido, tendo como música de fundo as sábias palavras das fadas do lar. E adormecia ao som das cuscuvilhices sobre a vida das vizinhas da terra da minha avó, que acho que nunca conheci, mas de cuja vida sempre estive bem informado.

E havia também a Burda. Outra revista obrigatória nestes temas. Esta trazia os moldes que pemitiam fazer os modelos tal e qual se mostrava na revista. Era só seguir a linha correspondente ao número desejado, cortar as peças de pano, coser e voilá. E quem melhor para servir de cobaia do que o filho único e protegido...

Como consequência, no tempo em que o pronto a vestir se começava a impôr e numa altura em que, na escola, um jovem púbere era avaliado/aceite pelos seus pares em função do valor e da marca da indumentária, acabei por ser o alvo escolhido para testes de resistência aos variados tecidos.
(Gilberto Vasco)


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© José Pacheco Pereira
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