ABRUPTO

13.12.04


POEIRA DE 13 DE DEZEMBRO

Hoje, há cento e quarenta e nove anos, Thoreau preparava-se para o Inverno. “Agradável”, escreveu, “estar preparado”, ter lenha, batatas, maçãs, na cave. Esperar que a neve descesse e cobrisse a terra de branco. Esperar que os flocos de neve se “entretecessem como uma teia no ar”, esperar por esse mundo de silêncio e paz. Esperar, função do Inverno.

*

"A propósito do silêncio e paz invernais, que vieram por sua vez a propósito do Thoreau, lembrei-me dos silêncios do Livro das Melancolias do Paulo Mantegazza, resgatado do sótão de casa dos meus pais (...)


Mais que os silêncios do homem, eu amo, porém, os da natureza. Nos bosques de abetos da Noruega, eu bebi os silêncios daquela fria e casta natureza nos longos dias que duram meses. Nenhuma ave cantava, nenhum insecto estridulava, nenhuma fera rugia, e até os meus passos sobre a macia e profunda almofada de brancos líquenes não faziam rumor. Naqueles lugares, o silêncio dormia eternamente o seu sono, e eu julgar-me-ia morto, se não tivesse tido os olhos abertos para ver, para saborear toda aquela paz tranquila duma vida verde, que vivia sem fazer rumor."

(R.M.)

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© José Pacheco Pereira
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