ABRUPTO

6.12.04


A NECESSIDADE AGUÇA O ENGENHO

Sobre a reviravolta previsível a propósito da coligação PSD-PP, escrevi, quando do Congresso e quando quase todos diziam que ela não ia existir, o seguinte:

"Tenho a convicção que, pese tudo o que pesar contra ela, a coligação será inevitável nas próximas eleições legislativas. Razão? A constatação de necessidades prementes: ambos os partidos precisam desesperadamente um do outro para ser vagamente credível que podem ganhar as eleições e governar, o que hoje só em conjunto acontece. O cenário de concorrerem separados para depois se unirem é teórico: o PP, sob pena de desaparecer, não pode ir sozinho a eleições sem fazer campanha contra o PSD e demarcar-se do governo de que fez parte; o PSD não está em condições para ter que se defender, á esquerda e à direita, de uma experiência governativa de que será sempre o grande responsável.

Este princípio de necessidade só não funcionará … se não houver necessidade."

Como a necessidade quase roça o desespero, apesar de escondido, lá a teremos. Só que a um preço mais alto para o PSD, resultado, também aqui, de uma liderança errática, que soma erros sobre erros. Não tendo estratégia fora da coligação, a direcção do PSD permitiu que ela fosse minada. Deixou margem de manobra para o PP pensar duas coisas: uma, que as eleições podiam não gerar bipolarização devido à fragilidade do PSD face ao PS, e assim dar espaço de respiração para o PP (e para o BE e o PCP...); outra, a convicção que o PS poderia ganhar sem maioria absoluta e precisar de um acordo com o PP.

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© José Pacheco Pereira
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