ABRUPTO

13.12.04


COLIGAÇÃO

Eu não quero o PSD coligado com o PP, mas é por razões de fundo, as mesmas porque eu penso que é suicidário o curso actual do partido. Como já se viu e se verá, mas nessa altura pode já ser tarde. Não se diga que não foram prevenidos.

Mas é-me incompreensível porque razão um homem, que sempre defendeu as virtualidades da coligação e é ideologicamente mais próximo do PP de Portas do que do PSD de Sá Carneiro, acabou , pelo caos habitual, por estragá-la ou torná-la desvantajosa para o PP. Imaginem como as coisas devem estar (ou vão estar) para que o PP pense que é melhor concorrer sozinho. Pensem um pouco sobre isso.

A ideia (suportada no argumento dos argumentos, as sondagens), que é melhor concorrerem os partidos separados, significa que o PSD não consegue o efeito de bipolarização, o que mostra a hegemonia das expectativas no PS. Porque, é obvio, que, se as eleições forem polarizadas (e eu penso que vão ser), o PP para garantir o seu espaço precisa de atacar o PSD, e o PSD, para obter o efeito de “ou nós ou eles” e mobilizar o seu eleitorado, tem que sacudir a perturbação do PP. Por isso, as propostas idílicas de uma campanha não agressiva só teriam sentido se o caminho para a vitória fosse radioso, ou todos achassem que não vale a pena fazer nada porque a derrota está garantida. Inclino-me para a segunda hipótese.

Há também outra coisa que é esquecida, e também esquecida pela comunicação social e comentadores, que é a circunstância que este esquema “sozinhos agora, coligados depois”, só funciona de o PSD for o partido mais votado. Porque quem o Presidente chama para fazer governo, é o líder do partido mais votado e se o PS não tiver maioria absoluta, arranja-a, aliando-se com quem for preciso, liderando Sócrates uma coligação pós-eleitoral. Ou pensam que não?

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© José Pacheco Pereira
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