ABRUPTO

18.12.04


ANTOLOGIA DA TRAIÇÃO: EFIALTES

Efialtes é nome de demónio e de gigante. O meu é um homem. Borges escreveu sobre o demónio “Siempre es la pesadilla. / Su horror no es de este mundo." Mas não é este o meu traidor. O pesadelo não trai quem não sonha. O traidor é outro: Efialtes, natural da Tessália, traiu os 300 espartanos no desfiladeiro das Termópilas por ouro. Os 300 espartanos eram “iguais”, Efialtes era diferente. Ensinou a Xerxes um caminho que levava os persas à retaguarda da defesa grega. O traidor não recebeu a sua paga, porque Xerxes entretanto viu a sua frota destruída em Salamina. Xerxes mandou chicotear o mar, mas o mar não tinha costas. Como muitos traidores não pagou o preço da sua traição, embora pagasse com a vida uma querela menor com Atenades da Trácia. Mas um traidor está sempre morto antes de morrer. A traição é uma morte.

(A seguir: Judas)

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© José Pacheco Pereira
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