ABRUPTO

6.11.04


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: OS CÍRCULOS

"Escreve-se hoje no Abrupto:
"Tenho repetido à saciedade que existe um efeito de Big Brother nas políticas em democracia: tudo o que é importante não se vê, ao mesmo tempo que as pessoas têm a ilusão que sabem de tudo, em directo e a cores".
Concordo plenamente com o facto e sobretudo com as ilações. Mas (...) dentro da compulsão quase natural do sistema político essas coisas não se podem dizer, pelo menos desse modo, pois não? Existe uma margem de reflexão que escapa, ou que se contém irremediavelmente, quando o exercício do poder atravessa a enunciação dos mundos de quem escreve. Existe, de facto, um estar fora do círculo e um estar por dentro desse mesmo círculo. Que é o do poder, directo, real, exercido. O poder não é uma ferramenta pejorativa ou artificiosa, mas acaba sempre por ditar ou condicionar a medida e o momento em que a palavra é materializada em discurso.(...) . A dissimulação entretece o dizer da política, enquanto a discrição - e tão-só a discrição - entretece o poder autónomo e corrosivamente livre da palavra."

(Luis Carmelo)

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© José Pacheco Pereira
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