ABRUPTO

1.11.04


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES; O SERVIÇO PÚBLICO VISTO DO REINO UNIDO

"(...) No Reino Unido, o serviço público está a sofrer uma revisão. Ao longo deste ano, a agência das comunicações OFCOM realiza vários processos de consulta com académicos, a indústria, os profissionais, organizações várias e, muito importante, o público. Estive na semana passada numa dessas sessões, divulgadas e abertas a qualquer um, onde todos são encorajados a colocar questões, enviar pareceres e fazer com que os seus interesses sejam ouvidos. A prova de que o serviço público funciona e satisfaz foi expressa pela maioria da população britânica inquirida pela OFCOM, que revelou estar disposta a pagar o mesmo ou um pouco mais para manter a BBC e outras derivações de serviço público (a presente taxa de rádio e televisão custa cerca de 170 euros por ano e é obrigatória).

Na mesma sessão, um senhor que tinha garantidamente mais de oitenta anos – “eu lembro-me de ouvir a minha primeira emissão de rádio da BBC, em 1924” – fez ouvir a sua voz. O facto de o serviço público ter uma história longa e respeitada por aqui, faz com que os britânicos tenham um sentimento de pertença relativamente aos destinos dos seus espaços mediados de comunicação.

No ano passado, a BBC Scotland fez uma revisão da sua grelha informativa. Para isso, o director da estação regional passou dois meses a viajar pelo país para melhor sondar as necessidades informativas do escoceses. Isso implicou passar pelos sítios mais remotos – as ilhas do norte, as highlands, as comunidades urbanas e rurais – e promover debates locais. Isto é serviço público. Não é complicado, nem elitista, nem pretencioso. É apenas o garante de um espaço que se procura aproximar de um nível equilibrado e representativo do debate público, onde a audiência não é reduzida ao lugar de consumidor mas também tratada como um centro de cidadania. O espaço audiovisual português deteriorou-se a uma velocidade galopamente. Os governos que recusam conduzir um debate sério sobre o assunto estão a negar aos portugueses o seu desenvolvimento democrático."


(Claudia Monteiro)

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© José Pacheco Pereira
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