ABRUPTO

6.10.04


POBRE PAÍS

o nosso. Isto está pior do que se imaginava, e eu sempre o imaginei muito mal. Ouvi, com alguma impaciência confesso, os apelos a um "talvez não venha a ser tão mau como se prevê", que me pareciam da ordem da extrema bondade e de uma fé absoluta. Mas por que razão tinha que acreditar em milagres em política, quando não acredito neles no dia a dia?

Depois, a confirmação vinha em excesso, era tudo tão mau, tão mau que ultrapassava as piores expectativas. Eu sei e eles sabem. Esta é que é a questão: eles sabem que tem sido péssimo, asneiras sobre asneiras, como se a realidade viesse a correr a galope mostrar que milagres, se os há, é noutra esfera. Não. Aqui as coisas são o que são. Se são más, continuam más. O pior é que eles sabem que já perderam muito, e o desnorte e o desespero instalam-se. E com o desnorte vem ao de cima a tentativa de controlo, usando todos os meios do estado. Fraquezas, fragilidades perigosas, porque quanto mais fracos mais perigosos.


PS: sobre o que aconteceu hoje com a saída de Marcelo Rebelo de Sousa da TVI, não vale a pena adiantar muito mais do que já disse no Abrupto. Na Quadratura do Círculo discutimos o assunto, antes de ser conhecida a saída, e não é preciso mudar nada. Também não houve contraditório na Quadratura do Círculo: todos , eu, o António Lobo Xavier e o José Magalhães estamos de acordo em criticar o grosseiro ataque à liberdade de expressão, só não sabíamos que ia ter sucesso. Amanhã no Público sai um artigo, que também já tinha escrito antes, e a que não tenho que mudar uma vírgula.

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© José Pacheco Pereira
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