ABRUPTO

15.10.04


IN ILLO TEMPORE

Havia quatro liceus no Porto: o meu, o Alexandre Herculano, o D. Manuel, e os das meninas, Rainha Santa, irmão do Herculano, e o Carolina. Quase tudo já mudou e há um excelente livro, os Liceus de Portugal, coordenado por António Nóvoa, que parece um tratado de arqueologia, sobre o que era e já não é. Todos estes Liceus tinham fama justificada de grande qualidade. Por isso, custa-me ver as ameaças sobre o Carolina e sou solidário com este apelo que recebi da Escola:

"A Escola Secundária Carolina Michaëlis, no Porto, corre sérios riscos de encerramento se o Sr. Director da Direcção Regional do Norte (DREN) concretizar a proposta que vem anunciando desde Abril de 2004. E por que motivos? Têm sido apresentados dois e a ênfase é posta ora num, ora noutro, conforme as circunstâncias:
1. As instalações são necessárias para albergar o Conservatório de Música do Porto.
2. É necessário fundir a Escola Secundária Carolina Michaëlis com a vizinha Secundária Rodrigues de Freitas, porque esta segunda, desde há anos, vem perdendo alunos, estando com um número de alunos muito insuficiente.

Relativamente ao primeiro argumento, e de início o mais valorizado pela DREN e agora desvalorizado, a mudança implicaria uma total reestruturação de espaços, quer a nível de dimensões quer a nível do tratamento acústico dos mesmos. Sabe-se também que ao Conservatório estava reservado um edifício a construir junto da Casa da Música.
Por outro lado, em relação à alegada rentabilização de espaços, como compreender que a Escola Secundária Carolina Michaëlis tenha de ser sacrificada, porquanto a esta escola estão associados valores que não podem ser ignorados: uma patrona, uma história e um conjunto de recursos pedagógico-didácticos que vão desde uma Biblioteca de grande valor quer do ponto de vista científico, quer do ponto de vista humanístico, a laboratórios bem apetrechados quer em termos de equipamento actualizado quer de equipamento de valor museológico.
Todos estes valores explicam o bom desempenho da Escola na formação de gerações, formação que inclui os aspectos científico, humanístico, artístico e axiológico.
Talvez por isso, ainda recentemente a divulgação dos rankings (EXPRESSO, de 2 de Outubro último) mostra que a Escola Secundária Carolina Michaëlis se encontra em 38º lugar a nível nacional, é a 3ª escola pública, no Porto, e encontra-se entre as 10 melhores classificadas na disciplina de Física (média - 14,3 PÚBLICO, de 2 de Outubro), resultados estes, e nomeadamente a Física, a que não serão alheias as referências anteriores, quanto a equipamentos.
Mas o bom desempenho da Escola não se mede apenas pelos rankings nacionais.
Há outros indicadores, porventura mais importantes, nomeadamente a boa imagem que a Comunidade tem da Escola a tal ponto que, mesmo após o anúncio da fusão, e contrariando todas as expectativas de que a escola corria o risco de perder alunos, pode contar com mais de 1000 (mil) alunos, mantendo praticamente o mesmo nível de frequência do ano anterior.
Acresce ainda que a Escola tem uma excelente localização, reforçada com a recente estação do Metropolitano (que curiosamente tem o seu nome) e que vem facilitar o acesso de populações limítrofes, que desde sempre procuraram esta instituição e que, por certo, gostariam de poder continuar a usufruir das situações de ensino/aprendizagem que nela se têm desenvolvido com a eficácia inerente à tradição pedagógica que a caracteriza.
"
(...)

Porto e E. S. Carolina Michaëlis, 15 de Outubro de 2004.

Pela Comunidade Educativa, / O Presidente Da Assembleia de Escola
Luís Miranda




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