ABRUPTO

25.10.04


CONTRADITÓRIO

O governo tem tido sucesso em aumentar a massa crítica de comentadores que lhe são favoráveis, escolhidos, promovidos ou indicados, exactamente por isso. Nos momentos decisivos de hoje, este é um objectivo estratégico. Pouco a pouco, e sem paralelo com qualquer outro governo no passado (o único comparável é o de Guterres), essa massa crítica começa a pesar. A linha dominante nesses comentadores não é tanto o apoio absoluto e total (só Delgado faz esse papel), mas o comentário desculpatório, com uma linha definida de minimização de danos. “É verdade que o ministro dos Assuntos Parlamentares só fez asneiras, mas o que é preciso é deixar o governo governar…” Mais ou menos isto. No “caso Marcelo” percebeu-se com clareza esta linha de demarcação e o “caso Marcelo” não pode deixar de ser unívoco para todos os jornalistas, mesmo descontando a fama de Marcelo.

O novo programa “Contraditório” na Antena 1 que, como se percebe pelo nome, é de decisão recente, junta quatro jornalistas: Luís Osório, Luís Delgado, Carlos Magno e António Luís Marinho. Os três últimos apoiaram as teses do governo no “caso Marcelo”, o que hoje significa quase tudo.

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© José Pacheco Pereira
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