ABRUPTO

31.10.04


COLOCAR FACES NOS POEMAS


Este é Galba, do poema matinal de Cavafy, o dos setenta e três anos, de que o oráculo falava. Nero entendeu mal a frase délfica e pensou apenas na sua velhice longínqua. Não. Havia outro, já velho, que o veio a ajudar a suicidar-se. Era um velho duro e imprudente, mas chegou a imperador. Prometeu o que não podia dar e acabou esquartejado pelas tropas. Um soldado da 15ª Legião acabou com ele com um golpe final no pescoço. Um tal Fabius Fabulus cortou-lhe a cabeça, mas teve que a colocar no seu saiote porque Galba era calvo e não havia cabelo para a segurar com as mãos. Pequeno detalhe de um tempo em que transportar uma cabeça ainda era habitual.

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© José Pacheco Pereira
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