ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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30.10.04
APRENDENDO COM JORGE LUIS BORGES
O princípio Dois gregos estão a conversar: talvez Sócrates e Parménides. Convém que nunca saibamos os seus nomes; a história, assim, será mais misteriosa e mais tranquila. O tema do diálogo é abstracto. Aludem por vezes a mitos, de que ambos descrêem. As razões que alegam podem abundar em falácias e não chegam a um fim. Não polemizam. E não querem persuadir nem ser persuadidos, não pensam em ganhar ou em perder. Estão de acordo apenas numa coisa; sabem que a discussão é o não impossível caminho para chegar a uma verdade. Livres do mito e da metáfora, pensam ou tentam pensar. Nunca saberemos os seus nomes. Esta conversa entre dois desconhecidos num lugar da Grécia é o facto capital da História. Esqueceram a oração e a magia. (Jorge Luís Borges - "O princípio". Atlas in Obras completas: 1975-1985. Lisboa, Círculo de Leitores, 1998, p. 437.Tradução de Fernando Pinto do Amaral, cortesia de António Cardoso da Conceição) (url)
© José Pacheco Pereira
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