ABRUPTO

24.9.04


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: COM OS DEDOS OU COM AS MÃOS (4ª série)

"Quem tem experiência em projectos de desenvolvimento de software estranhará toda esta situação sobre a colocação de professores, assim como os comentários que são feitos sobre deste. É que a expressão “falha técnica” é muito redutora para tentar descrever o que se pode ter passado. Já assisti a projectos bem sucedidos e a projectos que foram insucessos; também tenho conhecimento de projectos mal sucedidos em diferentes áreas.

Um aspecto comum a estes projectos classificados como fracassos é que a origem do problema raramente é uma falha técnica. Os motivos da maior parte dos insucessos dos projectos informáticos devem-se a questões relacionadas com a gestão do mesmo. Como os próprios informáticos dizem, o problema raramente é hardware ou software; as raízes do problema estão no “Peopleware”.

(Marco Oliveira)

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"Creio que o assunto já morreu no “Abrupto” mas, depois de ter sido elucidado de que com o actual sistema se pretenderia aproveitar as vagas disponibilizadas pelos transferidos AINDA NO MESMO CONCURSO, o que seguramente não sucedia no anterior sistema, ocorre-me o seguinte problema bem ilustrativo da infazibilidade computacional da questão:

Suponhamos os professores X e Y, detentores dos lugares x e y. X concorre à vaga y, e Y à vaga x. Ou seja, pretendem trocar de lugar.

Obviamente, um algoritmo simples como os que se usavam até há anos, não transferirá nenhum deles, porque não encontrará nenhuma vaga disponível para o 1º a considerar, nem portanto para o 2º.

Um algoritmo que faça coisas do género: “supor que Y liberta o lugar pretendido por X e efectuar a sua colocação provisória, prosseguindo e quando chegar a Y logo ver se ele realmente muda de sítio, se sim tudo ok, se não voltar ao início”, é obviamente fácil mas requererá um tempo cósmico, quando se tratam de 50 mil professores. Obviamente, é um problema de tipo NP, ou em termos simples, infazível.

Contra a infazibilidade computacional existe uma terapêutica: inteligência artificial (IA).

Em geral produz resultados bons mas tem, porém, um problema: os resultados são bons mas não perfeitos, e portanto são sempre impugnáveis pelo rigor da lógica jurídica.

Neste caso, não se vai resolver o problema com IA mas sim com inteligência natural (à mão). Mas como esta sofre das mesmas limitações da IA, preparemo-nos para o chorrilho de impugnações com que o Ministério vai ser invadido quando sairem as listas…
Claro que a solução está em descentralizar (responsavelmente) as colocações pelas escolas. Como nas empresas. Como na Holanda. Como…"


(Pinto de Sá)

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"No meio desta confusão de "NP´s", "Programações lineares" e afins subsiste-me uma pergunta: -se se podia fazer "manualmente" a colocação, porque é que não se tomou essa decisão em devida altura, até para servir de termo de comparação com o computador?

Talvez seja ingenuidade minha, mas eu suponho que quem ocupa um cargo de ministro deve ter uma capacidade de resolver problemas e pensar alternativas, ou ter alguem perto que faça isso esta ministra poderia ter tomado essa atitude quando tomou posse, e neste momento o problema estaria resolvido. Bem sei que esta trapalhada não teve origem na actual titular do cargo, mas esta falta de agilidade em resolver a questão parece-me uma razão suficiente para após a resolução do problema a ministra apresentar a demissão.
"

(João Gundersen)

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"Acabo de ler mais no Abrupto sobre os problemas informáticos ligados à listagem de colocação de professores do que o que esperava vir a aprender. Não tenho qualquer pretensão de acrescentar mais informações (ainda estou a digerir as que li) mas, já que foi levantada a questão de o problema ser ou não NP, não quero perder esta oportunidade de mencionar um dos mais famosos problemas em aberto da Matemática, que é o problema P versus NP. No site do Clay Mathematics Institute pode ler-se uma descrição do problema. E aquele instituto dá um prémio de um milhão de dólares à primeira pessoa que o resolver."

(José Carlos Santos)

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