ABRUPTO

8.9.04


BIBLIOFILIA: UMA GAVETA



Entre as coisas que continuo a encontrar, numa gaveta perdida duma casa familiar, em que quase de certeza ninguém mexe desde, mais ou menos, 1950, está este prospecto de um Ford para a “cidade” e para o “campo”, como se pode ver pela idílica fotografia junta. Como um carro era então muito caro, o folheto descreve em pormenor a mecânica do carro, os materiais, tudo.



Há também uma série de recortes com surpresas. Uma série sobre o teatro na Palestina, em Telavive, publicada no Primeiro de Janeiro em 1947, e o romance Tempestade de Ferreira de Castro em folhetim no mesmo jornal. Os recortes tem as indicações de onde foram tirados, mas mesmo que tal não acontecesse, o azul, amarelo e vermelho identificaria sem dúvida o Suplemento Cultural do “Janeiro”, de excepcional qualidade e colaboração. Os dois recortes apontam socialmente o anónimo recortador, porque o Primeiro de Janeiro era o jornal de referência da burguesia nortenha, do Porto em particular. Foi, durante muitos anos, o jornal que se comprava na minha família e eu cresci com o "Reizinho" na última página e depois, na perversa adolescência, com o Suplemento Cultural…O Jornal de Notícias tinha má fama, dizia-se que se se espremesse, saia sangue.

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© José Pacheco Pereira
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