ABRUPTO

4.9.04


APRENDENDO COM O PADRE ANTÓNIO VIEIRA: "TENHO SEDE"

"Em todas as cousas que Cristo obrou neste Mundo, manifestou sempre o muito que amava os homens; contudo, uma palavra disse na cruz, em que parece se não mostrou muito amante: Sitio: «Tenho sede.» Padecer Cristo aquela rigorosa sede, amor foi grande; mas dizer que a padecia e significar que lhe dessem remédio, parece que não foi amor. Afecto natural, sim; afecto amoroso, não. Quem diz a vozes o que padece, ou busca o alívio na comunicação ou espera o remédio no socorro; e é certo que não ama muito a sua dor, quem a deseja diminuída ou aliviada. Quem pede remédio ao que padece, não quer padecer; não querer padecer, não é amar: logo, não foi acto de amor em Cristo dizer: Sitio: «Tenho sede.» Contraponhamos agora esta acção de Cristo na cruz e a de S. Pedro no Tabor. A de S. Pedro, parece que tem muito de fineza; a de Cristo, parece que não tem nada de amor. Será isto assim?"

(Continua)


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© José Pacheco Pereira
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