ABRUPTO

17.8.04


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES: WHAT IF?

"Acabei de ler aquele que é talvez o trabalho "definitivo" sobre a campanha Napoleónica na Rússia ("1812 . Napoleon's Fatal March on Moscow" de Adam Zamovski), que recomendo vivamente. Há uma curiosidade que vem do "Guerra e Paz" sobre o pré e pós-Borodino (pronuncia-se bárádinô), a que mesmo quem não seja um adepto de historiografia militar não consegue ficar alheio. A batalha crucial (foi preciso esperar pelo primeiro dia da ofensiva no Somme em 1916 para morrerem mais homens num só dia ) e a retirada em pleno Inverno fazem parte das referências psicológicas colectivas de muito boa gente dos povos envolvidos. Há no livro até referências à Legião Portuguesa e ao Marquês d'Alorna bem como à forma heróica como um batalhão comandado por um tal Castro actuou no trabalho de protecção da retaguarda da Grande Armée envolvida no trajecto trágico do regresso. Mas estou a deambular para fora daquilo ao que vinha. A saber: muito perto do final do livro fala-se da inúmera literatura que resultou daquela campanha. Das memórias, todas mais ou menos indulgentes para com os respectivos memorialistas, sabemos bem, mas houve também um pequeno livro (escrevo de memória, deixei o "1812" em casa) que imagina o que seria se Napoleão tivesse marchado para São Petersburgo e imposto a paz a Alexandre. Na prática redundaria num Império global com Paris como nova Roma. Mas o pormenor que achei uma delícia foi o destino dos Ingleses. Napoleão atravessa a Mancha, conquista Londres, proclama nos Comuns a dissolução do Reino, permite ao Monarca que se mude para Glasgow com o título de Rei da Escócia e da Irlanda, e a Inglaterra própriamente dita é dividida numa mão cheia de Départements e incorporada no território França! Como "wishful thinking" dum francês com a Pérfida Albion atravessada é difícil fazer melhor!"

(JTP)

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"Lembro que no Reino Unido existe uma grande tradição para visitar campos de batalha desenvolvendo um tipo de turismo cultural, praticamente desconhecido entre nós. Repare, no que é proposto neste sítio (este é apenas um dos muitos que encontrei).

Repare que à Batalha do Porto, uma das mais surpreendentes e rápidas vitórias de Wellesley em Portugal é dedicada um dia! Quem em Portugal sabe o que se passou com pormenor e se dedica a divulgar essa interessante história? O uso de 2 ou 3 barcos rabelos para transportar tropas inglesas para o "Seminário" sem que as sentinelas francesas dessem conta, as baterias inglesas no Monte da Virgem "varrendo" as colunas francesas e a fuga precipitada de Soult abandonando a sua refeição no Palácio das Carrancas. Tudo "histórias" que nos dizem respeito e ignoradas!

Recordo também que a bibliografia anglo-saxónica sobre as Invasões Francesas é imensa, como se comprova introduzindo "Peninsular War" na Amazon. No campo da ficção destaco as novelas de "Sharpe" de Bernard Cornwell que começaram agora a ser traduzidas para Português. O último livro deste autor (Sharpe's Escape)cobre o período da Batalha do Buçaco, Saque de Coimbra e as Linhas de Torres Vedras."


(Jose Paulo Andrade)

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© José Pacheco Pereira
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