ABRUPTO

30.8.04


ESPELHO UM DO OUTRO

Que os radicais “fracturantes” das organizações do Bloco de Esquerda trouxessem cá o barco para organizarem uma operação de propaganda usando a “causa” do aborto, vá que não vá, estão no seu papel. (Dois caveat. O primeiro é que se violarem a lei devem sofrer as consequências, tanto mais que se trata de uma iniciativa claramente política, não um trágico aborto às escondidas em estado de necessidade de uma infeliz mulher. Não é a mesma coisa. Numa democracia é assim, mesmo quando não se concorda com a lei. O segundo é que, ao transformar a questão do aborto numa guerrilha radical, fazem estragos consideráveis no esforço moderado e necessário para acabar com a criminalização do aborto. Convém não esquecer que, seja qual for a evolução da situação, deverá haver um referendo, e no referendo os excessos pagam-se.)

Agora que o governo português resolva actuar como um espelho do Bloco, como um grupo radical de sentido contrário, com todos os tiques do radicalismo ideológico, com a agravante de abusar dos meios do Estado, é que coloca uma questão muito mais grave do que o folclore do barco. Se o barco foi uma provocação, este governo respondeu-lhe ao mesmo nível.

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© José Pacheco Pereira
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