ABRUPTO

2.8.04


ELOGIO DE MIGUEL VEIGA

As intervenções que Miguel Veiga fez nos Conselhos Nacionais do PSD, em Julho, são dois documentos únicos na nossa vida partidária actual. Tenho pena que o seu texto integral não seja conhecido e, com autorização do seu autor, publiquei-as no VERITAS FILIA TEMPORIS. Ficam para a nossa história política. Não conheço paralelo em nenhum outro partido, nos dias de hoje, de um seu responsável eleito manifestar a sua discordância face a um quase unanimismo (e, nesses dias, um unanimismo agressivo, como se vê nos momentos em que foi interrompido), usando de uma clara argumentação política que separa todas as águas. Não há nessas intervenções nenhuma retórica: Miguel Veiga diz a Durão Barroso e a Santana Lopes, e aos conselheiros do PSD, o que deve ser dito, de forma clara e límpida, e com uma acutilância política que não deixa nenhuma pedra por virar.

Claro que não são soundbites, e ninguém se deu ao trabalho de as relatar em função da sua relevância, nem os jornalistas dão importância a estes discursos mais elaborados e argumentados. Veiga é tratado com displicência, quando não no tom insultuoso de Meneses, por jornalistas que se irritam por ele falar de coisas que não cabem em duas frases e que lhes parecem “complicadas”. Como alguns deles medem os políticos pela sua ambição face aos cargos e ao “protagonismo”, e como Veiga não tem nenhuma, não conta. Mas, ao cumprir, em condições difíceis, a sua obrigação política e moral, restituiu ao PSD a honradez dos homens do Porto que, como Sá Carneiro, o fizeram. Nele, o sopro genético que fez o PSD, no pensamento e na acção de Sá Carneiro, vivem pelos princípios, pelo pensamento e pela política, e não por uma mimética fúnebre assente em arroubos coreográficos.

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© José Pacheco Pereira
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