ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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5.6.04
QUANDO É QUE OS SENHORES JORNALISTAS AUTORIZAM QUE A CAMPANHA ELEITORAL SEJA SOBRE QUALQUER OUTRA COISA QUE NÃO SEJA OS “INSULTOS”? (2)
Claro que tudo isto tem também muito a ver com o interesse que os meios de comunicação social têm sobre as questões europeias, e com a preparação dos jornalistas para as tratar – que, salvo honrosas excepções, é quase nula, em particular nos que são "atirados" para seguir os candidatos em campanha. Durante cinco anos no Parlamento Europeu, e com a excepção dos correspondentes locais em Bruxelas (do Diário de Notícias, da RTP, da SIC, da Lusa) que acompanhavam as questões europeias e que as conheciam bem – e que eram os primeiros a queixar-se do desinteresse dos seus órgãos de comunicação social, que pouco lhes pediam para além de peças de circunstância e institucionais – pude testemunhar o completo desinteresse sobre a Europa. Quando havia cobertura dos assuntos europeus era puramente oficiosa, atrás de ministros em visita, ou pedindo depoimentos de meia dúzia de segundos a todos os partidos em corridinho, para parecer pluralista. Estava feito por encomenda. E não é jornalismo, é agenda de obrigação, sem qualquer vantagem informativa. Este desinteresse é (foi) tanto mais grave quando acompanhou um período de profundas mudanças qualitativas na Europa. Só para dar um exemplo concreto: que interesse jornalístico suscitou a participação portuguesa na Convenção que preparou a chamada “Constituição europeia” ? Nenhum. E se retirarmos casos isolados de jornalistas que se interessam pela Europa, como Teresa de Sousa ou Sarsfield Cabral, então é menos que nada. E não me venham com a treta auto justificativa de que a culpa foi dos políticos que não fizeram nada para lhes chamar o interesse, porque pude assistir aos esforços em vão de gente de todos os partidos, querendo discutir as matérias controversas e, obviamente, divulgar a sua posição. Em vão. Pelo contrário, se havia qualquer vislumbre de escândalo ou polémica incidental, então lá corriam em massa para desaparecerem logo de seguida, mesmo que o destino da Europa se discutisse na sala ao lado. São esses mesmos do “nada” que agora vêm queixar-se com arrogância de que não se fala na Europa. (url)
© José Pacheco Pereira
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