ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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5.6.04
QUANDO É QUE OS SENHORES JORNALISTAS AUTORIZAM QUE A CAMPANHA ELEITORAL SEJA SOBRE QUALQUER OUTRA COISA QUE NÃO SEJA OS “INSULTOS”?
Quando é que os senhores jornalistas autorizam que a campanha eleitoral seja sobre qualquer outra coisa que não seja os “insultos”? Os insultos ocorreram de facto nos primeiros dias da campanha, de forma inteiramente lamentável. Chamo insultos aos insultos pessoais porque só esses merecem a classificação de insultos. Classificações políticas podem ser consideradas ofensivas, excessivas, radicais, mas não são insultos. Devem ter respostas políticas e comentários políticos, e não metidas no mesmo saco da orelha e do periquito. Seguiram-se os pedidos de desculpa e os insultos não se repetiram. Podiam ser considerados um epifenómeno da campanha, lamentável mas que dificilmente caracterizava as principais figuras envolvidas. Ana Manso e João Almeida (quem é?) não são propriamente gente grada. Ocorreram, insisto, no início da campanha e, no entanto, para quem ligue uma televisão, ou uma rádio, ou leia um jornal, nada mais tem acontecido uma semana depois. Senhores jornalistas – e dou dois exemplos: Constança Cunha e Sá, na TSF, e Eduardo Dâmaso, na RTP – fazem arrogantes exercícios de superioridade moral sobre essa malta ignara dos políticos que se insultam todos os dias, perante eles, guardiões da moral e dos bons costumes cívicos. É por isso que, até ao último dia, os senhores jornalistas não vão deixar sair a campanha do episódio dos insultos. Convém-lhes, dá-lhes pretexto para esta arrogância moral. E, no entanto, e sem distinguir entre os principais candidatos do PS e PSD, eu já li entrevistas suas e debates em que falam de questões importantes para a Europa. Sobre impostos europeus, sobre a defesa europeia, sobre os riscos de directório, sobre o enquadramento institucional, defendendo, nalguns casos, posições controversas e mais do que dignas de debate. Algum senhor jornalista, na colecta diária de soundbites, lhes fez alguma pergunta sobre a Europa? Algum deu seguimento a qualquer posição sobre a Europa que merecesse atenção? Não, perguntavam-lhes sobre os insultos, “picavam-nos” na esperança de obter novos insultos. (Contnua) (url)
© José Pacheco Pereira
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