ABRUPTO

8.5.04


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES

"Porque não chamar ao PEV (Partido Ecologista Os Verdes), SV/CDU - Secção Verde/CDU?

A questão é importante porque a preocupação pela ecologia não é, nunca foi, uma questão puramente partidária. Não existe razão nenhuma para que cada partido político não tenha os seus PEV 's como, na minha opinião, não existe razão nenhuma para o PEV não ser um partido completamente independente, constituído por gente dos mais diversos quadrantes políticos, mas com provas dadas no campo da ecologia.

Não é isso que se verifica e é pena. A legitimidade politica do PEV é nula e a sua capacidade de intervir de forma independente e objectiva é claramente inexistente.
"

(Afonso de Azevedo Silva Neves)


Gostaria de fazer um pequeno comentário ao texto que lhe foi enviado pela leitora Joana, a propósito do Porto.
Antes de tudo, parece-me que está na hora de nos deixarmos desta disputa, umas vezes mais velada do que outras, entre Porto e Lisboa ou, Lisboa e Porto. É que as cidades, felizmente não são todas iguais (ou parecidas), de maneira a que possamos estabelecer entre elas uma espécie de hierarquia da beleza. Devo dizer que sou daquelas pessoas que gostam muito de Lisboa e gostam muito do Porto. Quanto ao Porto - e é este o ponto que eu queria salientar -, o facto de ser "cinzento", "sério" ou "fechado" ou, ainda, outros adjectivos vários de aparência negativa que se possam aplicar (dada as ideias estereotipadas que hoje em dia circulam), não me parece conter em si nada de negativo: são apenas características, não defeitos. Na minha opinião, é precisamente este carácter escuro e cinzento do Porto que lhe imprime muito do seu encanto. A mescla de pedra escura, de fachadas barrocas revestidas de azulejo, de tempo chuvoso, é que lhe permite ter esse carácter único e fortemente poético. O Porto é uma cidade belíssima, tal como é, e não precisa constantemente de ser comparado a Lisboa.

Quanto a Lisboa, devo dizer que me entristece ouvir dizer (ler, neste caso) que tem uma beleza fácil. Se há coisa que Lisboa não tem é uma beleza fácil (aqui, sim, sente-se um tom depreciativo). E, fácil porquê? Não vale a pena pensarmos que só algumas cidades precisam de tempo de descoberta. Todas precisam. As cidades são demasiado complexas e contêm demasiadas subtilezas para que possamos pensar que rapidamente as podemos apreender. Lisboa é absolutamente magnífica. Os escorços, as igrejas embebidas nos quarteirões, os rasgões da Lapa com vista para o Tejo, A Rua do Alecrim que mergulha a nossa vista no rio, a topografia, a inconstância de vistas, etc., etc., para não falar na "famosa" luz de Lisboa, tudo isto, demora tempo a interiorizar. Nada é fácil! E a "corte" nada tem a ver com isto.

Já é tempo de as pessoas do Porto deixarem de ter esse "complexo" de que Lisboa é a "cidade da "Corte"" (mesmo quando lutam constra isso, lá vem ao de cima involuntariamente). Lisboa é, de facto, a cidade da Corte. E daí? Não é por isso que a sua beleza é mais fácil. Porque Lisboa é a cidade da Corte (o que por si só não implica facilidade na beleza), mas também é a cidade dos mouros, de Alfama, dos arameiros, dos estivadores, das prostitutas, da Cordoaria, dos portos, dos guindastes, da burguesia, do povo, do Chiado, do Bairro Alto, das ruínas, da vaidade, da tristeza...

Eu sou Lisboeta e cada vez gosto mais da minha cidade! E quanto mais viajo mais gosto de Lisboa! Mas também gosto muito, muito do Porto. Lisboa é belíssima, mas o Porto também. Não interessa comparar. Nunca em Lisboa se poderá passar um fim de tarde como os da Foz nos dias em que há vento, o céu está cinzento e o mar, verde, perde o seu tom azul. Nunca no Porto, poderemos ver as fachadas brancas das ruas tortas a brilhar com o brilho que sobe do Tejo. E isto, é que é magnífico!


(Clara Germana Gonçalves)


(url)

© José Pacheco Pereira
Site Meter [Powered by Blogger]