ABRUPTO

20.5.04


IMPRESSÕES DE PERTO

A Rússia de Putin revela a sua estranheza, a estranheza dos momentos de transição, em que não se é nem uma coisa, nem outra. O centro de Moscovo está cheio de lojas de luxo, os automóveis, cada vez mais de importação, enchem as gigantescas vias circulares, e todos os preços são exorbitantes. Moscovo é hoje mais cara do que Tóquio.

Os excessos de há cinco anos, os magotes de pedintes ou de gente muito pobre vendendo o samovar do avô, ou os patins da juventude, ou cestos de gatinhos, quase desapareceram das escadas do metro e do grande centro comercial de luxo ao lado da Praça Vermelha.

Mas a Chechénia, a "questão nacional", permanece tabu. O vocabulário é policiado. As fotos de milionários russos na prisão lembram aos "novos capitalistas" o risco da sua profissão. A diferença entre o que é legal e ilegal permanece discricionária, principalmente na área económica. Quem decide? O poder político.

Aparecem no mercado mais ovos de Fabergé.

(continua)

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© José Pacheco Pereira
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