ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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15.5.04
DESONESTIDADE INTELECTUAL
Deixo de parte a questão das torturas do Iraque, que condenei sempre desde o primeiro momento de forma inequívoca, facto que não convém lembrar por aqueles que hoje as usam essencialmente para propaganda política. Sim, porque salvo raras e honrosas excepções, as torturas estão a ser usadas de forma puramente instrumental para atacar a intervenção americana. Foi esse carácter instrumental do uso das torturas para a propaganda política que eu “estraguei” lembrando a existência do chamado “relatório das sevícias” de 1976, e daí a evidente irritação. Não foi qualquer equivalência moral ou relativismo, como se pode ver lendo os textos originais que escrevi e o que disse sobre a matéria, prática sempre saudável nestas coisas. Mas este título de “desonestidade intelectual” refere-se a uma frase do artigo do Público de Eunice Lourenço hoje. “Pacheco Pereira, que há bem pouco tempo tinha andado a desvalorizar as torturas feitas pela PIDE”. Isto já não é matéria de política, é de pura e simples honestidade. Eunice Lisboa está a referir-se à crítica que fiz (numa nota publicada no Abrupto, em 25 de Janeiro de 2004) à sua colega de jornal São José Almeida, e que reproduzo a seguir integralmente: “Num artigo de hoje do Público São José Almeida escreve o seguinte sobre as torturas utilizadas pela PIDE: Depois acrescentei posteriormente: “Esta nota motivou uma reacção indignada de São José Almeida e de outros jornalistas do Público no Glória Fácil, reafirmando a veracidade e o fundamento do que se escrevera no artigo. Entendi nada dizer porque todas as pessoas que conhecem a história da repressão em Portugal sabem do completo infundado das afirmações de São José Almeida e não valia a pena qualquer comentário pelo que era uma manifestação de ignorância solidária. “ Ainda estou à espera que me provem que na PIDE era “também usual interrogar os presos despidos, sobretudo quando se tratava de mulheres. “ Foi esta a minha “desvalorização das torturas da PIDE”. Julguem como entenderem, mas isto é mau jornalismo em nome do antifascismo, e desonestidade intelectual na imputação a outrém de posições que nunca teve, para obter efeitos políticos. (url)
© José Pacheco Pereira
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