ABRUPTO

10.4.04


O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES (Actualizado)

Neste momento difícil, em que se torna cada vez mais evidente que se cometeu um erro estratégico com a “Operação Iraque”, torna-se pertinente saber o que é essencial e o que é acessório. O fantasma do Vietname está compreensivelmente presente. Nenhuma guerra se ganha sem mobilização da sociedade que a sustenta! Não estou seguro, de modo nenhum, que o 11 de Setembro constitua um marco de sustentação para mobilizar a sociedade norte-americana para aguentar este desafio no Iraque. Fugir aqui seria ainda mais catastrófico do que foi no Vietname, mas pode muito bem suceder… O problema é que não me parece que haja, nem mesmo na sociedade norte-americana, consciência do que significa estar em guerra contra a selvajaria nihilista. Mais do que nunca haveria que ter presente a natureza desta “guerra de civilização” (não se trata tanto de civilização contra civilização, mas da CIVILIZAÇÂO contra o nihilismo. As citações seguintes do filósofo André Glucksmann são um contributo para tal:

”Todos somos pasajeros de um Titanic en potencia”, dado que “los terroristas se han arrogado ante el mundo el derecho a matar a quien sea”. Distinguir entre una Europa “preocupada por los derechos del ciudadano, serena, al abrigo de cualquier avión suicida” y un “Estados Unidos, tan pronto imperialista y belicoso, tan pronto aislacionista y egoistamente autista, rapidamente castigado allí donde peca”, aumentando, como tan miserablemente ha hecho Francia, la tensión transatlântica, equivale, para Glucksmann, a esconder la cabeza debajo del ala. Algo a lo que, según nuestro autor, se unen tantos cuantos pretenden distinguir, entre varias civilizaciones “recortadas siguiendo una línea de puntos de religiones… igualmente impotentes para contener los desbordamientos de violência que provocan” como quienes buscan “fusionar el conjunto inmaculado de los desfavorecidos y de los pequeños contra el Império (americano) de los poderosos y ricos”.

Lo que configura una civilización no es, según Glucksmann, lo que la une, sino lo que busca destruirla. Y lo que hoy busca destruirnos a todos no es ya el adversario único y bien definido de la guerra fria, sino “una adversidad polimorfa no menos implacable”, para la que hay un nombre tajante: nihilismo.. En efecto: “Hitler ha muerto, Stalin está enterrado, pero proliferan los exterminadores. No olvidemos que casi la mitad de la humanidad ha celebrado más o menos discretamente la hazaña de Mohammed Atta. El porvenir está en suspenso. Para existir, Europa debe superar esse desafio posnuclear. Con – y no contra – Estados Unidos. No se trata de escoger entre multipolaridad o hegemonia, sino entre nihilismo y civilización”.


(Texto de Jacobo Muñoz com citações de André Glucksmann no Suplemento de El Mundo, El Cultural (1-7 Abril de 2004, páginas 14 e 15),

(Edmundo Moreira Tavares)

Poemas enviados / lembrados

The Double Shame

At first you did not love enough
And afterwards you loved too much
And you lacked the confidence to choose
And you have only yourself to blame.


(Stephan Spender)

(por Maria José Oliveira)

Desdém

Andas dum lado prò outro
Pela rua passeando;
Finges que não queres ver
Mas sempre me vais olhando

É um olhar fugidio
Olhar que dura um instante,
Mas deixa um rasto de estrelas
O doce olhar saltitante…

É esse rasto bendito
Que atraiçoa o teu olhar
Pois é tão leve e fugaz
Que eu nem o sinto passa!

Quem tem uns olhos assim
E quer fingir o desdém,
Não pode nem um instante
Olhar os olhos de Alguém…..

Por isso vai caminhando….
E se queres a muita gente
Demonstrar que me desprezas
Olha os meus olhos de frente!..


(Flor Bela Espanca)

( por Maria Rodrigues)


Um Portugal “numa imagem” enviada por José Martins




(...) a sua teimosia em relação à defesa dessa figura sinistra que foi o Savmbi, desculpe que lhe diga mas parece doença. Se soubesse e imaginasse quem ele foi, tinha mais cautela em fazer citações de um “serial killer” compulsivo, um racista empedernido, um psicopata como o Hitler, o Staline, o Pol Pot e outros membros da galeria de homens sinistros, que todos conhecemos da História. E olhe que nada disto é propaganda do regime comunista de Luanda. É a triste verdade. De resto, o Savimbi era “marxista”. Leia o “Guia Prático do Quadro” da autoria dessa figura sinistra e só por aí, poderá deduzir o resto. É conhecido o seu acervo documental. Se quiser um “manual”, tenho gosto em dar-lhe um exemplar fotocopiado.
Quero ainda revelar-lhe um facto horrível: nos meses que antecederam a Independência de Angola, a coligação da UNITA e FNLA, conseguiu expulsar o MPLA do Planalto Central. Por todo o Planalto, ainda se encontravam muitos portugueses, espalhados por vilas, aldeias e lugarejos. Quase todos eram comerciantes e acreditavam que podiam continuar em Angola, mesmo após a Independência.. Quando a sua vida se tornou impossível (falta de alimentos, violência orgíaca), procuraram os caminhos da Nova Lisboa. No percurso, foram todos mortos nos postos militares da UNITA/FNLA que existiam ao longo das estradas. Conheço um oficial superior da UNITA (que não tem interesse nenhum em mentir), a quem foi ordenado a assassinato de um comerciante português de quem era amigo e que num gesto de humanidade, salvou-o, vestindo-o com uma batina de padre. E assim, lá foi o homem passando pelos “contróis”, até chegar são e salvo a Nova Lisboa, de onde partiu para Portugal, na célebre ponte aérea. Sabe bem que isto é genocídio.


(António Augusto Oliveira)

(url)

© José Pacheco Pereira
Site Meter [Powered by Blogger]