ABRUPTO

23.3.04


UMA PELE GRANDIOSA

Há cidades que são assim, um envólucro, uma pele como aquelas que alguns animais deixam para trás, um cenário gigantestco, uma aldeia Potemkine verdadeira. Viena é assim: palácios, monumentalidade, “império” por todo o lado, em branco e dourado, os grandes nomes (Maria Theresa, Franz-Josef), poder, solidez, dinheiro, luxo, conforto e toda a beleza que vem em acrescento. “Grandeur”, mas falta qualquer coisa. Por muito que me esforce, nunca imagino os turcos à sua porta, mas estiveram. Por muito que mentalmente reveja o Terceiro Homem e saiba das ruínas e das sombras, não as consigo ver.

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© José Pacheco Pereira
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