ABRUPTO

5.3.04


POEIRA

Hoje, há cento e sessenta e cinco anos, Charlotte Brontë escreveu ao Reverendo Henry Nussey, informando-o de que não aceitava casar com ele. Na carta dizia ao Reverendo que

"I am not the serious, grave, cool-hearted individual you suppose; you would think me romantic and eccentric."

Ou seja, não servia para o Reverendo. Na verdade, achava-o muito aborrecido.

Aborrecida não era certamente Anaïs Nin. Hoje, há setenta e dois anos, Henry Miller escrevia a Anaïs Nin, de uma mesa do Café Chez les Vikings: "I love you....I am in a fever." Acabara de a conhecer.

Hoje, há cinquenta e oito anos, um antigo primeiro-ministro inglês, que ganhara a guerra e perdera as eleições, faz um discurso no Westminster College em Fulton. O velho político, Winston Churchill, partiu uma loiça que ninguém queria então partir. Depois de ter elogiado o “valente povo russo” e afirmado a sua “admiração” pelo “seu camarada da guerra Marechal Staline”, afirmou que iria falar por dever ("It is my duty, however, to place before you certain facts about the present position in Europe.”). Que factos eram esses? Que

de Stettin no Báltico a Trieste no Adriático uma cortina de ferro desceu sobre o continente”.

Atrás dela tinha ficado Varsóvia, Berlim, Praga, Viena, Budapeste, Belgrado, Bucareste e Sofia.

As reacções ao discurso foram frias. Churchill voltava a ser visto, à semelhança de 1939, como um belicista incorrigível.

(url)

© José Pacheco Pereira
Site Meter [Powered by Blogger]