ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
|
9.3.04
POEIRA DE 9 DE MARÇO
Hoje, há cento e sessenta e um anos, Robert Murray McCheyne, um pastor evangélico escocês, estava a morrer de tifo. Apanhara tifo ao visitar pessoas com a doença. Os seus escritos são um retrato de uma forte e simples piedade. Ele acreditava. Escrevera: "It is not the tempest, nor the earthquake, nor the fire, but the still small voice of the Spirit that carries on the glorious work of saving souls.". Agora precisava ainda mais de acreditar, à medida que o seu corpo soçobrava, à medida que crescia uma "vast howling wilderness". Hoje escreveu numa carta: 'You will never find Jesus so precious as when the world is one vast howling wilderness. Then he is like a rose blooming in the midst of the desolation, a rock rising above the storm.' Vai morrer daqui a quinze dias. É tido na sua paróquia e na Escócia como um santo . Dizem que o seu túmulo exala uma fragância muito agradável. Hoje, há dez anos, Charles Bukowsky morreu. Já estava doente há muito tempo, doente dos seus excessos, doente de se vender pelos seus excessos. Não escrevia particularmente bem, mas tinha humor sobre si próprio. Parece que a mulher, toda New Age, se dedicou a curá-lo das múltiplas doenças "impuras". Bukowski escreveu: sitting naked behind the house, 8 a.m., spreading sesame seed oil over my body, jesus, have I come to this? "Have I come to this?". Parece que sim, sempre é a Califórnia, que tem sol a mais. Pouco antes de morrer, achava que estava a escrever melhor que nunca. No seu túmulo está escrito "Don´t try". (url)
© José Pacheco Pereira
|