ABRUPTO

7.3.04


POEIRA DE 7 DE MARÇO - 2

Hoje , há oitenta e nove anos, Nicolau II deixou o seu palácio de Tsarskoe Selo para Mogilyov, perto da frente de combate. Dias antes, o general Gurko tinha-o avisado de que, a continuar assim, aéreo, distante, alheio ao que se passava à sua volta, “era melhor preparar-se para o cadafalso”. E acrescentara “ a multidão não fará cerimónia”.

Não sei se o czar lançou um último olhar às estátuas do jardim, aos lagos, às grutas, aos pavilhões que os seus predecessores tinham construído, à sala de âmbar, aos estuques azuis e brancos do palácio italiano. Devia haver neve, fazendo absurdos chapéus às divindades das estátuas que Catarina mandou fazer (e que mais tarde o olhar de Akhmatova também amou).

O czar partia e as portas das fábricas metalúrgicas Putilov em Petrogrado, a meia dúzia de quilómetros do palácio, encerravam. A “revolução de Fevereiro” (Fevereiro no calendário juliano, Março no actual) começará amanhã.

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© José Pacheco Pereira
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