ABRUPTO

19.3.04


POEIRA DE 19 DE MARÇO

Hoje, há setenta e três anos, Gide está com uma comichão que não o deixa dormir. Como bom intelectual, relembra os precedentes duma história da comichão: Job, procurando um fragmento de vidro para se coçar, e Flaubert. Depois faz uma hierarquia das dores, chegando à conclusão de que a comichão não era certamente a mais nobre, mas uma “inconfessável , ridícula doença”.

Dez anos depois, outra doença aparecia no calendário anual. A Primavera começava a fazer os seus estragos. Camus escrevia hoje sobre a “floraison des filles sur les plages”:

Elles n’ont qu’une saison. L’année d’aprés, elles sont remplacées par d’autres visages de fleurs qui, la saison d’avant, étaient encore des petites filles.”

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© José Pacheco Pereira
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