ABRUPTO

20.3.04


MANIPULAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Está também em pleno.

Um exemplo: relato, hoje de manhã e pela TSF, da entrevista de ontem ao Primeiro-Ministro, na RTP1. Relato factual, relativamente neutro, com extractos das declarações. De repente, chega à parte do Iraque, e o jornalista corta a palavra ao Primeiro-Ministro e acrescenta: “mas há quem não pense assim, a engenheira Maria de Lurdes Pintasilgo …”.

Outro exemplo: as declarações de Mário Soares sobre a negociação com os terroristas da Al Qaeda, que ele repete já há dois dias, acrescentando cada dia mais um pormenor absolutamente inaceitável, são tratadas com toda a complacência. Para ir a outros exemplos recentes de declarações inaceitáveis: as de Paulo Portas, sobre a emigração, conheceram uma chuva de protestos, editorais, brincadeiras, etc, o que contrasta com o silêncio ou o sottovoce sobre as de Mário Soares.

Outros exemplos seriam fáceis de encontrar em praticamente todos os noticiários sobre o Iraque, os quais são verdadeiras profissões de fé opinativas dos jornalistas, em todos os órgãos de comunicação social, quase sem excepção, com destaque para a televisão.

Outros exemplos ainda: documentos sem dúvida importantes para um julgamento equilibrado (nada mais seria preciso) sobre questões polémicas, são ,ou ignorados, ou tratados num contexto hostil. É o caso da sondagem feita no Iraque pelas grandes televisões ocidentais e reconhecida como a mais fidedigna até hoje realizada. Convenhamos que ela tem mais peso do que o senhor jornalista singular que diz que “os iraquianos com quem falei estão todos revoltados…”. Se calhar é verdade, mas talvez a sondagem tenha um pouco mais de força…

O mesmo aconteceu com os documentos que o (ainda) governo de Aznar divulgou sobre as informações que recebia dos serviços secretos sobre a investigação do atentado, para se defender da acusação de que manipulara os dados para deliberadamente enganar os espanhóis. A única vez que ouvi falar desses documentos numa televisão (talvez não tenha sido o mesmo noutra), foi para ouvir uma crítica: o “governo espanhol estava a tentar escudar-se nos relatórios dos serviços secretos”… Então não foi dito, por uma “fuga”, que esses serviços já sabiam na manhã do atentado que tinha sido a Al Qaeda? Então não se quer esclarecer a verdade?

Podia continuar por aqui adiante, porque a operação está em pleno.

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© José Pacheco Pereira
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