ABRUPTO

20.3.04


ESTRATÉGIA DE TENSÃO (Actualizado)

Numa sociedade democrática respeitam-se a lei e as autoridades. O Governo Civil de Lisboa não autorizou uma parte do trajecto da manifestação de amanhã, em si pouco importante na economia da manifestação, e para a qual os manifestantes podem sempre encontrar alternativa sem qualquer prejuízo. Não está em causa nada de relevante na visibilidade da manifestação, nem na sua liberdade. No entanto, os organizadores da manifestação já disseram que não iam respeitar essa proibição. O objectivo é claro: provocar artificialmente incidentes.

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O seu post sobre o Governo Civil e a manifestação é baseado em informação deficiente. A organização comunicou o percurso da manifestação a 4 de Março. No dia 18 de Março às 18 horas, a poucas horas do desfile, o Governo Civil enviou um fax afirmando que a manifestação não se podia realizar naquele percurso. No dia seguinte contactadas as autoridades, foi por elas dito que a passagem pela Rua do Arsenal e o final na Praça do Município punha em causa a segurança do Tribunal da Relação. Lembro-lhe que já aconteceram inumeras concentrações na Praça de Munícipio e que as manifestações "Pro-vida" e as marchas pacifistas de 15 de Fevereiro de 2003 passaram pela Rua do Arsenal.

A proibição não tem qualquer sentido, não passa pela cabeça de ninguém atacar o tribunal. E pelo contrário, é visível por parte do governador civil de Lisboa, a vontade de criar dificuldades aos organizadores. Por exemplo, depois de ter-se arranjado um palco para a Praça do Município é impossível a menos de 24 horas, construir um palco muito maior no Rossio.

Reconheco-lhe honestidade intelectual para perceber que se trata de uma estratégia anti-democrática que recorre a expedientes "espertalhões", mas pouco inteligentes, contra opositores políticos. Aliás, na mesma direcção que as democráticas censuras do PP espanhol na TVE, que tão bons resultados deram.


(Nuno Ramos de Almeida)



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