ABRUPTO

8.3.04


AS FORMAS ANTIGAS DE SENSIBILIDADE: RELATIVISMO

A mais importante marca moderna da sensibilidade, vista pelos olhos do Realista Antigo, é a efemeridade. A linguagem da efemeridade é o relativismo: tudo depende do momento, tudo depende do movimento da vida, tudo depende da vontade de mudar, tudo se pode olhar de duas maneiras (e porque não de vinte?), conforme convém. Nada dura, nada é firme.

Aos Antigos, e muito mais ao Realista Antigo, um Antigo moderno, esta cacofonia não surpreende, mas entristece. Entristece ver a cada vez maior distância entre o upgrade das palavras, e o downgrade da vida. Grandes palavras, pequeno valor, conveniências, confortos, espelhos, vaidades. Para os antigos, durar é que valia, mudar não; talvez por isso eles sejam avaros de palavras. Talvez por isso é que a épica ainda era possível, talvez por isso é que, pouco a pouco, a arte está a acabar e ninguém dê por isso. Dizia, a quem o não ouvia, o Realista Antigo, uma patética figura dos tempos modernos.

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© José Pacheco Pereira
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