ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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8.3.04
AS FORMAS ANTIGAS DE SENSIBILIDADE. MEMÓRIA E MENTIRA
Aos antigos repudiava a memória mentirosa, a falsa memória, a memória que serve para desculpar. Quintiliano escreveu “mendacem memorem esse oportere (o mentiroso precisa de ter memória). Esta forma de memória reduz o passado às necessidades do presente, reduz a verdade do que se passou aos restos que são úteis para a ficção de identidade no presente. A memória viva nunca quer ser memória, quer ser presente. É a fraqueza, a cobardia, que a reduz à memória do mentiroso. O mentiroso é infiel a si próprio. Como Midas, tudo o que toca se vai gastando, trocando o desejo da vida pela justificação da vida. Todos os dias a mentira, tantas vezes suportada pela memória mentirosa, penetra em cada gesto, em cada palavra, e rouba o sentido. Fica tudo uma pasta cinzenta, sem brilho. Sem brilho. Depois o hábito faz o resto. Facilis descensus Averno. (url)
© José Pacheco Pereira
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