ABRUPTO

13.3.04


ABRUPTO FEITO PELOS SEUS LEITORES

Um jornalista da SIC, há instantes, entrevistava em Madrid os participantes na mega-manifestação, dizendo-lhes que a ETA tinha acabado de desmentir, através de um comunicado, a sua responsabilidade no atentado. Em seguida, perguntava-lhes se essa informação alterava a sua opinião sobre o sucedido. A generalidade das pessoas entevistadas - ou mesmo todas - foram muito claras em dizer que não, que não alteravam em nada a sua opinião sobre os autores do atentado. Que lhes era indiferente saber se tinha sido ou não a ETA, o facto é que alguém tinha sido.

Na conclusão da peça, e apesar das afirmações dos populares, o jornalista conclui que era importante para o resultado das eleições de Domingo saber se o atentado tinha sido perpetrado pela ETA ou pela Al-Qaida, supostamente em retaliação da participação espanhola na guerra contra o terror ao lado de George W. Bush.

Infelizmente - segundo afirmou com uma certa ironia -, provavelmente não se saberá a resposta a esta questão antes das eleições.

Só fico satisfeito por os resultados das eleições espanholas, ou noutros cantos do globo, não serem decididas pelos jornalistas portugueses...


(Ricardo Prata)

Não me deixa de parecer incrível toda a politização que se seguiu ao atentado entre ETA vs Al Qaeda e PP vs PSOE, como se de um jogo de futebol se tratasse, sem que haja uma clara objectividade na análise dos factos. (o que desde já lhe felicito por ter sido dos únicos a tê-la e ter criticado um pseudo terrorismo de primeira e um de segunda, um aceitável e outro não aceitável)

Factos:

1) Neste últimos 4 meses a ETA tentou provocar 2 atentados em Madrid; no dia 24 de Dezembro a policia espanhola interceptou um etarra que entrava num comboio com destino a Madrid com 25kg de explosivos; logo após um segundo etarra foi preso por ter deixado 20kg de explosivos no mesmo comboio (ambas preparadas para serem detonadas 20 minutos após a chegada do comboio)

2) No dia 26 de Dezembro, 2 bombas foram descobertas em linhas-férreas graças a detenção de “susper”, um dos líderes da organização.

3) Em Fevereiro de 2004 uma camioneta com 500kg de clorato, 50kg de dinamite e 90 metros de cabo detonador foi encontrada a 200km de Madrid; Dias antes outra camioneta com 35 kg de explosivos e vários detonadores foi encontrada no sul de França juntamente com dois “prestigiosos” etarras.

4) 13 de Maio atentado em Casablanca provoca 41 mortos, um dos alvos principais é a prestigiada casa de españa. Especialistas dos serviços de inteligência Francesa e Espanhola declararam que um atentado em Marrocos teria por significado que a Europa estaria na primeira linha de um próximo atentado.

5) O CESID (equivalente ao nosso SIEDM) da conta da infiltração de vários grupos islamicos em Espanha, que beneficiam da especial atenção dada a ETA, para prosperarem e criarem extruturas na área da pequena criminalidade, propaganda e recrutamento.

6) Em alguns textos ameaçadores atríbuidos a Al-Qaeda a Espanha fora citada, tal como outros aliados dos Estados Unidos da America.

7) O canal TF1, no jornal da noite após o atentado, dá como noticia a existência de contactos nos ultimos dois anos entre a Al-Qaeda, a ETA e o IRA. Especulação? Possivel realidade?


(Philippe Raingeard de La Blétière)


O caso de Madrid, o drama terrível vivido, tem suscitado um debate apaixonado mas não isento dum certo ar tendencioso.

Sobre quem foi o autor(s) ou organização(s) do hediondo acto tem, naturalmente, interesse para a investigação e, eventuais tomadas de medidas que permitam punir e prevenir repetições, se tal for possível.

Contudo, extrapolar essa especulação para considerandos políticos, parece-me, um desrespeito completo pelas consequências do acto. Estamos a falar de pessoas, que morreram ou ficaram feridos, sem saber porquê, sem descortinarem o motivo porque foram tão barbaramente punidos.

Aqui e agora, como no 11 de Setembro de Nova Iorque, como nos ataques suicidas em Jerusalém ou em Telavive, como no Holocausto, como no Quénia, como em Moscovo, como em qualquer outro lado.

A morte parece ser, nestes casos um acto gratuito, sem consequências que não sejam a dor de quem os sofre.

Fale-se, isso sim, das pessoas que foram vitimas, do que está e vai ser feito em relação a elas.


(Rui Silva)

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