ABRUPTO |
semper idem Ano XIII ...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ... (Sá de Miranda) _________________ correio para jppereira@gmail.com _________________
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29.2.04
POEIRA
Hoje, neste dia para acertar o calendário com a máquina do Universo, há oitenta e quatro anos, Katherine Mansfield, escrevia no seu diário uma premonição da morte: “Oh, I failed today; I turned back, looked over my shoulder, and immediately it happened, I felt as though I too were struck down. The day turned cold and dark on the instant. It seemed to belong to summer twilight in London, to the clang of the gates as they close the garden, to the deep light painting the high houses, to the smell of leaves and dust, to the lamp-light, to that stirring of the senses, to the langour of twilight, the breath of it on one's cheek, to all those things which (I feel to-day) are gone from me for ever . . . I feel today that I shall die soon and suddenly: but not of my lungs.” Morreu três anos depois, com 35 anos, mesmo de tuberculose. Hoje, também num ano destes com um dia a mais, há trinta e dois anos, Paul Morand colecciona as “petites naivetés”, as incongruências de Proust. Numa altura no Swann, disse que o corpo de Odette era perfeito, mais à frente fala da sua “imperfeição”, etc., etc. Se Morand fizesse o mesmo exercício com a nossa Agustina ocupava metade do diário. Depois anota que os ingleses pontuam a sua conversação com “See what I mean? Get me? Do you understand?” “como se se dirigissem a imbecis". See what I mean? (url)
© José Pacheco Pereira
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