ABRUPTO

12.2.04


POEIRA

Hoje, há oitenta e nove anos, Kafka queixava-se que as discussões da senhoria com um vizinho não o deixavam escrever. “Desespero absoluto”! Será que sou perseguido por senhorias que não me deixam trabalhar, pergunta Kafka?

Simone de Beauvoir, pelo contrário, não tinha que aturar senhorias. Passou este dia, há cinquenta e sete anos, a barafustar contra os costumes americanos. Beauvoir estava em Nova Iorque e irrita-se com as montras preparadas para o Dia de S. Valentim, cheias de coraçõezinhos. Os americanos “gastam o tempo” com isto, anota irritada. Ainda mais a irrita o costume de cantar “Parabéns a você” nos locais públicos. Estou com ela.

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© José Pacheco Pereira
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