ABRUPTO

9.2.04


NOTAS SOBRE AS FORMAS ANTIGAS DE SENSIBILIDADE

A uma jovem escrava

Fosses tu ainda inocente talvez reconsiderasses antes de te falar
Há tempos no entanto que recebes lições do teu amo
que adormece a teu lado mal o deixas satisfeito. Eu ofereço-te o
amor a terna intimidade o riso e essa suave conversa que
prolonga o acto da carne. A doce liberdade (se assim o
entenderes) de não aceitares nenhuma destas coisas.


(Estratão de Sardes)

A tradução do poema é de Jorge Sousa Braga. Recordo-me , embora não possa agora verificar que, na versão de Yourcenar, não era uma “jovem escrava” , mas “um jovem escravo”. O poema de Estratão faz parte de uma antologia de poemas intitulada posteriormente Musa puerilis, ou seja uma série de poemas pedófilos, e foi recolhido nalgumas versões da Antologia Palatina e censurado noutras. Johann Jacob Reiske, um grande helenista alemão do século XVIII, dizia do vício de Estratão : Computrescat in illo coeno qui animum ad meliora nequit attollere.

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© José Pacheco Pereira
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