ABRUPTO

10.2.04


NOTAS SOBRE AS FORMAS ANTIGAS DE SENSIBILIDADE: IMITAÇÃO

Na muito interessante carta que Rui Oliveira ( do Superflumina) me enviou acrescenta, numa parte que não publiquei anteriormente, o seu “enorme fascínio” pelo “conceito de imitação” clássico. Acrescenta

Os românticos, na ânsia da originalidade, deitaram este conceito ao opróbrio, mas quanto mais se lê a literatura que vai do séc. XV ao XVIII, podemos ver como esse conceito era essencial para a produção de uma obra original.”

Nestas notas sobre formas antigas de sensibilidade, no fundo, sentimentos em extinção ou extintos, o valor da “imitação”, com o seu sentido do cânone da palavra poética, sistematicamente repetido e recriado, a caminho de uma ideia de perfeição formal, traduz também um mundo no qual a tradição e o respeito pelo adquirido antigo eram uma pedra sólida para o presente e para o futuro. Como muita coisa que os românticos, pais da sensibilidade contemporânea, estragaram, está esse sentido de continuidade e permanência, assim como a dura disciplina, do “fabbro”, da “fabricação” criativa.

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© José Pacheco Pereira
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