ABRUPTO

22.2.04


DILEMA

Há uma paz especial enquanto a dama em baixo domina a página. Escrevendo, faço-a desaparecer pouco a pouco, ou de repente. Ela leva o livro, um livro de orações, consigo. Regressa invisível à sua Sé, esquecida de todos, na noite escura e fria que lá deve estar. De um lado o rio, do outro a rua que ia para a cadeia, por onde passa o barulho dos eléctricos. Que pensará Maria desse som alheio? Continuará a ler na escuridão? Pode ser. Ela lê sem olhos, ela lê sem corpo, ela lê sem saber quem é. Adeus, velha avó, empurrada pelas letras, muito, muito tempo depois. Serei gentil.

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© José Pacheco Pereira
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